3 de setembro de 2009

Rascunhos e afins

Uma hora eu publico todos... Prometo

2 de setembro de 2009

Goodbye, Jerry!

Domingo à tarde, Salamandra e Salamandrinha foram ao shopping para uma sessão teatral na Praça de Alimentação. Seria a apresentação do Sítio do Pica-Pau Amarelo “made in Goiás”, o que não deixa de ser imperdível considerando a curiosidade de Salamandrinha de ver um Saci Pererê ao vivo. Relutante, lá se foi Salamandra a caminho do shopping para mais essa aventura dominical.

O trânsito estava tranqüilo como deve ser aos domingos, mas a entrada do estacionamento estava vazia, o que não era de se esperar. Descendo a rampa para o subsolo, já no seu final, Salamandra notou a presença de um pequeno vulto no meio da pista. O que seria? Na dúvida, parou o carro ali mesmo, desceu, deu a volta na frente do carro e foi verificar. Abaixou o corpo com calma para não assustar o que quer que fosse, e também para não ser assustada, e ali descobriu que se tratava de um pequenino filhote de rato! Nada meigo, pois muito provavelmente esse Jerry tinha nascido por ali mesmo, mais precisamente nos esgotos do shopping. Com o intuito de salvá-lo de um eminente atropelamento, Salamandra o empurra com a pontinha do pé para um bueiro logo ao lado. Assim, ao retornar para o carro, Salamandra explicou a pequena do que se tratava, e que mesmo sendo um ratinho dahlit, tínhamos que respeitá-lo e não esmagá-lo com o carro.

_ Mamãe, posso ver?

_ Pode sim, espera só eu estacionar.

Carro estacionado, mãe e filha seguem para o local onde deveria estar nosso herói Jerry.

_ Ali, filha... Olha só que miudinho!

_ Mamãe, ele tem mãe?

_ Claro! Ela deve estar por aí, procurando por comida...

Enquanto seguia a palestra sobre o “ciclo da vida”, uma SUV se aproximava lentamente. Tão lentamente que era difícil acreditar que o condutor não via o que se passava ali. Mesmo assim, Salamandra puxou sua filha pra trás, por segurança. Rodas dianteiras passando... Uffa... Saiu ileso... E então: Creck! O primeiro impulso da mãe foi tapar os olhos de Salamandrinha com suas mãos e tirá-la dali para não expô-la a crueldade do mundo real, mas, infelizmente, ela mesma teria que enfrentá-lo.

_ Mamãe, ele morreu?

_ É, minha filha. Ele foi pro céu.

_ No céu dos animais?

_ Isso mesmo.

_ Você ouviu o barulhinho, mamãe? Creck! O ratinho quebrou? O que era aquela coisa vermelha?

_ É, filha... Ele quebrou todinho, e aquela coisa vermelha é o que tinha dentro do ratinho. Por isso tem que tomar cuidado pra atravessar a rua... Se um carro passa em cima, bau-bau... Fica todo esmagado!

_ Igual ovo frito, mamãe? – batendo as mãozinhas indicando como o ovo frito é achatado.

_ É, filha... Mas vamos pro teatro, vamos? Vamos...

_ Eu ouvi o barulhinho... – e saiu cantarolando como se não houvesse um corpo logo atrás...