14 de setembro de 2008


Dia do Respeito ao idoso - Japão

11 de setembro de 2008

21 gramas

Quarta-feira nunca é um dia em que acontecem coisas interessantes que possam ser consideradas marcantes. Ao menos, não para mim. Mas, como Agosto é o mês do "cachorro-louco" e esse início de Setembro tem se apegado a esse título, hoje, quase amanhã, passei por uma situação que ficará marcada pra sempre em mim e talvez em alguns que chegarem a ler esse post.
Eram mais ou menos 11:00 da noite, a lua crescente se escondida por trás de algumas nuvens numa tentativa de não testemunhar o que estava por vir, e eu voltava do posto que fica perto do meu trabalho, na avenida que eu atravesso todo santo dia. No trecho que passa pelo ponto mais alto da cidade, há três restaurantes com vista para a cidadee num deles, resolvi parar para tirar uma foto, coisa que sempre tive vontade de fazer, mas nunca me dei a oportunidade.
Foto tirada, voltei para o carro feliz da vida por ter conquistado essa imagem tão preciosa de uma cidade que teima em não me acolher. Tão eufórica que ao sair parei o carro para dar uma última olhada na paisagem (e aqui eu me concedo o direito de uma licensa poética): alguns meros segundos suficientes para olhar o apinhado de edifícios brilhantes como árvores de Natal e suspirar.
De volta à avenida, na descida do morro e logo após um radar eletrônico, uma camionete passa por mim e corta o caminhão que segue à minha frente. Não há iluminação nesse trecho, e o movimento de carros na pista oposta mais parece uma onda de luzes vindo ao meu encontro. Num movimento brusco, o caminhão pára desviando levemente para a direita, obstruindo parte da pista. Diminuí a velocidade e joguei o carro para o pedacinho de pista que restou à direita... Ali, como uma criança que dorme em seu berço, estava um senhor e sua bicicleta retorcida. A camionete que passou por mim simplesmente passou por cima dele e seguiu seu curso. Parei o carro para tentar ajudar, mas a cena era tão diferente do que estamos acostumados a ver em filmes de terror que meu coração congelou. Nunca senti algo parecido e nunca vou me esquecer de vê-lo dando seu último suspiro... Aos poucos, curiosos foram se amontoando ao redor do senhor e logo, a única coisa que me restou foi ir embora.