Não fiz o curso de Cupido por correspondência.
As disciplinas da faculdade que tratavam do assunto? Matei todas!
Nunca acordei cedo para assistir às tele-aulas, e nem supletivo eu freqüentei (ainda estamos em 2008, então posso usar o trema)!
Sempre pratiquei a arte de formar casais sem nenhum tipo de aula teórica ou prática, apenas seguia o "feeling".
O resultado dessa prática ilegal, estaria estampado pelos corredores do CRM, se os cardiologistas pudessem tratar da Síndrome do Coração Partido, e eu seria objeto de estudo para teses e artigos, entraria para os anais da medicina como o "Leucócito fora de Controle".
Yeah...
Tudo em nome de um sonho... Que talvez, algum dia, num casamento remoto, alguém faça um brinde a mim e diga: "Valeu! sem você não estaríamos juntos!"
Entre mortos e feridos, ninguém se salvou. Nem eu, por sinal. Porque todas as flechas que tentei disparar tiveram um efeito colateral, e hoje tenho que conviver com a mais arrebatadora de todas as pós-flechadas: a perda do próprio alvo.
14 de dezembro de 2008
11 de setembro de 2008
21 gramas
Quarta-feira nunca é um dia em que acontecem coisas interessantes que possam ser consideradas marcantes. Ao menos, não para mim. Mas, como Agosto é o mês do "cachorro-louco" e esse início de Setembro tem se apegado a esse título, hoje, quase amanhã, passei por uma situação que ficará marcada pra sempre em mim e talvez em alguns que chegarem a ler esse post.
Eram mais ou menos 11:00 da noite, a lua crescente se escondida por trás de algumas nuvens numa tentativa de não testemunhar o que estava por vir, e eu voltava do posto que fica perto do meu trabalho, na avenida que eu atravesso todo santo dia. No trecho que passa pelo ponto mais alto da cidade, há três restaurantes com vista para a cidadee num deles, resolvi parar para tirar uma foto, coisa que sempre tive vontade de fazer, mas nunca me dei a oportunidade.
Foto tirada, voltei para o carro feliz da vida por ter conquistado essa imagem tão preciosa de uma cidade que teima em não me acolher. Tão eufórica que ao sair parei o carro para dar uma última olhada na paisagem (e aqui eu me concedo o direito de uma licensa poética): alguns meros segundos suficientes para olhar o apinhado de edifícios brilhantes como árvores de Natal e suspirar.
De volta à avenida, na descida do morro e logo após um radar eletrônico, uma camionete passa por mim e corta o caminhão que segue à minha frente. Não há iluminação nesse trecho, e o movimento de carros na pista oposta mais parece uma onda de luzes vindo ao meu encontro. Num movimento brusco, o caminhão pára desviando levemente para a direita, obstruindo parte da pista. Diminuí a velocidade e joguei o carro para o pedacinho de pista que restou à direita... Ali, como uma criança que dorme em seu berço, estava um senhor e sua bicicleta retorcida. A camionete que passou por mim simplesmente passou por cima dele e seguiu seu curso. Parei o carro para tentar ajudar, mas a cena era tão diferente do que estamos acostumados a ver em filmes de terror que meu coração congelou. Nunca senti algo parecido e nunca vou me esquecer de vê-lo dando seu último suspiro... Aos poucos, curiosos foram se amontoando ao redor do senhor e logo, a única coisa que me restou foi ir embora.
Eram mais ou menos 11:00 da noite, a lua crescente se escondida por trás de algumas nuvens numa tentativa de não testemunhar o que estava por vir, e eu voltava do posto que fica perto do meu trabalho, na avenida que eu atravesso todo santo dia. No trecho que passa pelo ponto mais alto da cidade, há três restaurantes com vista para a cidadee num deles, resolvi parar para tirar uma foto, coisa que sempre tive vontade de fazer, mas nunca me dei a oportunidade.
Foto tirada, voltei para o carro feliz da vida por ter conquistado essa imagem tão preciosa de uma cidade que teima em não me acolher. Tão eufórica que ao sair parei o carro para dar uma última olhada na paisagem (e aqui eu me concedo o direito de uma licensa poética): alguns meros segundos suficientes para olhar o apinhado de edifícios brilhantes como árvores de Natal e suspirar.
De volta à avenida, na descida do morro e logo após um radar eletrônico, uma camionete passa por mim e corta o caminhão que segue à minha frente. Não há iluminação nesse trecho, e o movimento de carros na pista oposta mais parece uma onda de luzes vindo ao meu encontro. Num movimento brusco, o caminhão pára desviando levemente para a direita, obstruindo parte da pista. Diminuí a velocidade e joguei o carro para o pedacinho de pista que restou à direita... Ali, como uma criança que dorme em seu berço, estava um senhor e sua bicicleta retorcida. A camionete que passou por mim simplesmente passou por cima dele e seguiu seu curso. Parei o carro para tentar ajudar, mas a cena era tão diferente do que estamos acostumados a ver em filmes de terror que meu coração congelou. Nunca senti algo parecido e nunca vou me esquecer de vê-lo dando seu último suspiro... Aos poucos, curiosos foram se amontoando ao redor do senhor e logo, a única coisa que me restou foi ir embora.
23 de agosto de 2008
Whishlist
Há rumores na internet de que talvez não vejamos o sol nascer no dia 11 de setembro de 2008. A data é uma coincidência irônica, mas a tragédia não será tramóia terrorista, não! Cientistas diplomados irão ligar um tal "Large Hadron Collider" (LHC) que na teoria poderá gerar um buraco negro e conseqüentemente... Bem, todos já vimos nos desenhos dos "Super-amigos" o que buracos negros fazem... Eu me questiono qual a vantagem de se testar algo que na possibilidade de funcionar, pode nos transformar em poeira cósmica e gostaria que me convencessem de que tudo não passa de balela internética e que na verdade o máximo que pode acontecer conosco, é ficarmos de cabelo em pé por causa da estática.
Mas, considerando as possibilidades desse evento dar certo, o buraco negro ser realmente gerado e irmos todos para o espaço, elaborei uma lista de coisas que vou realizar até o dia do meu julgamento... Alguns itens podem parecer impossíveis de serem alcançados em tão curto espaço de tempo, mas tenho fé no "zap" que tenho escondido (onde, não digo), e acredito que teremos mais do que alguns dias para resolvermos nossas vidas. E depois, vai que de repente, inspirada no filme recente do meu ídolo Jack Nicholson, eu topo com um companheiro de fim de vida para cumprir nossos últimos desejos? São dezenove dias para tentar...
Mas, considerando as possibilidades desse evento dar certo, o buraco negro ser realmente gerado e irmos todos para o espaço, elaborei uma lista de coisas que vou realizar até o dia do meu julgamento... Alguns itens podem parecer impossíveis de serem alcançados em tão curto espaço de tempo, mas tenho fé no "zap" que tenho escondido (onde, não digo), e acredito que teremos mais do que alguns dias para resolvermos nossas vidas. E depois, vai que de repente, inspirada no filme recente do meu ídolo Jack Nicholson, eu topo com um companheiro de fim de vida para cumprir nossos últimos desejos? São dezenove dias para tentar...
21 de agosto de 2008
O bêbado e o cego
Tenho andado muito pelas ruas dessa cidade, correndo atrás dos sonhos de outras pessoas, e numa dessas andanças, me deparei com uma cena típica das cidades grandes e impessoais.
Estava ouvindo pela enésima vez a música mais pedida no rádio, parada sob o sol escaldante do cerrado em um desses engarrafamentos intermináveis, quando desviei minha atenção pra a esquerda. Ali, fixei meu olhar para ver a movimentação de carros da pista ao lado que, cumprindo as leis de Murphy, estava livre.
Uma figura se destacou. No passeio, esperando o sinal para pedestres se abrir, estava um jovem muito bem vestido com sua mochila nas costas, a caminho do trabalho. Camisa branca bem alinhada, óculos escuros no rosto e nas mãos, um acessório indispensável: sua bengala.
O sinal se abre e as pessoas começam a atravessar a rua ignorando a presença do jovem cego. Ele continua parado sem saber se pode ou não atravessar; sozinho. Uma jovem bonita se aproxima em cima de seu par de sapatos de salto, mas passa pelo rapaz toda importante, como se ela é quem fosse cega. Estava tão apressada que nem pôde olhar para trás para constatar o que esbarrou em seu braço.
Nesse momento, um novo personagem se destaca. Do outro lado da rua, um bêbado sujo e cambaleante vem atravessando, murmurando uma cantiga alegre que só ele pode conhecer. Descalço e sem rumo ele se aproxima calmamente sem se dar conta da pressa dos que vêm em sua direção. Mesmo alheio ao agito da cidade, de repente ele para. Como se tivesse encontrado um tesouro incalculável, ele abre um sorriso carente de dentes e se curva numa discreta reverência, e voltando seus olhos para o jovem cego, falando baixo, estende seu braço como guia.
Num piscar de olhos, lá estavam os dois em segurança do outro lado da rua, e antes que houvesse tempo para piscá-los de novo, o bêbado voltava tranquilamente de sua missão. Seus olhos mal conseguiam ficar abertos quando se encontraram com os meus, e mesmo sem nos conhecer, percebemos imediatamente a ironia de toda a cena. Sorri e ele sorriu de volta seguindo com sua canção, deixando pra trás, em mim, o sentimento misto de orgulho e indignação.
Estava ouvindo pela enésima vez a música mais pedida no rádio, parada sob o sol escaldante do cerrado em um desses engarrafamentos intermináveis, quando desviei minha atenção pra a esquerda. Ali, fixei meu olhar para ver a movimentação de carros da pista ao lado que, cumprindo as leis de Murphy, estava livre.
Uma figura se destacou. No passeio, esperando o sinal para pedestres se abrir, estava um jovem muito bem vestido com sua mochila nas costas, a caminho do trabalho. Camisa branca bem alinhada, óculos escuros no rosto e nas mãos, um acessório indispensável: sua bengala.
O sinal se abre e as pessoas começam a atravessar a rua ignorando a presença do jovem cego. Ele continua parado sem saber se pode ou não atravessar; sozinho. Uma jovem bonita se aproxima em cima de seu par de sapatos de salto, mas passa pelo rapaz toda importante, como se ela é quem fosse cega. Estava tão apressada que nem pôde olhar para trás para constatar o que esbarrou em seu braço.
Nesse momento, um novo personagem se destaca. Do outro lado da rua, um bêbado sujo e cambaleante vem atravessando, murmurando uma cantiga alegre que só ele pode conhecer. Descalço e sem rumo ele se aproxima calmamente sem se dar conta da pressa dos que vêm em sua direção. Mesmo alheio ao agito da cidade, de repente ele para. Como se tivesse encontrado um tesouro incalculável, ele abre um sorriso carente de dentes e se curva numa discreta reverência, e voltando seus olhos para o jovem cego, falando baixo, estende seu braço como guia.
Num piscar de olhos, lá estavam os dois em segurança do outro lado da rua, e antes que houvesse tempo para piscá-los de novo, o bêbado voltava tranquilamente de sua missão. Seus olhos mal conseguiam ficar abertos quando se encontraram com os meus, e mesmo sem nos conhecer, percebemos imediatamente a ironia de toda a cena. Sorri e ele sorriu de volta seguindo com sua canção, deixando pra trás, em mim, o sentimento misto de orgulho e indignação.
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